A Sociedade de Informação como se define
em termos globais e a emergência das novas Tecnologias de Informação
não anularam, nem anularão o uso, o manuseamento, o fabrico e a
importância que o papel tem no quotidiano das nossas vidas. Ocorreu-me
debruçar-me um pouco sobre este tema ao comprar numa histórica livraria
de Lisboa um pequeno livro intitulado as Invenções que Mudaram o Mundo.
Escrito em língua francesa, os temas são tão diversos como a Invenção da
Escrita, a Invenção da Roda, a Invenção do Livro, a Invenção do
Telefone, passando pela Invenção do Cinema e a Invenção e a História do
Papel. Considerando serem temas à escala actual pertinentes de abordagem
pela analogia histórica e pela evolução tecnológica, retira-se destes
temas os ensinamentos e como chegamos a outras soluções em pleno século
XXI, mas no domínio do papel, verificamos e a curiosidade maior e a
constatação é que afinal e como alguns pensavam ou previam o papel não
acabou, não acabará e a Internet e as Novas Tecnologias coabitarão com o
papel por muitos anos. Os jornais não acabarão. Os livros não deixarão
de existir porque os suportes fundem-se na modernidade e na História. E
achei pertinente debruçar-se sobre o tema pela diversidade, mas também
pela analogia que afinal o Papel em cada sociedade do mundo vai tendo no
nosso dia-a-dia. Afinal tudo tem uma origem e eu próprio desconhecia
onde o papel tinha sido inventado.
Do ponto de vista histórico a palavra
papel vem do latim papyrus e faz referência ao papiro, uma planta que
cresce nas margens do rio Nilo no Egipto, da qual se extraia fibras para
a fabricação de cordas, barcos e as folhas feitas de papiro para a
Escrita. Quando a Escrita surgiu segundo historiadores e estudos há mais
de 6 mil anos atrás, as palavras eram inscritas em tabuletas de pedras
ou argila. A forma mais original de Escrita era a cuneiforme. Por volta
de 3000 a.C., os egípcios inventaram o papel. Depois vieram os
pergaminhos feitos de couro curtido de bovinos, bem mais resistentes.
Finalmente, o papel seria inventado na China 105 anos depois de Cristo
(d.C.), por T’sai Lun. De acordo com pesquisas feitas, o Inventor T´sai
Lun fez uma mistura humedecida de casca de amoreira, cânhamo, restos de
roupas, e outros produtos que contivesse fonte de fibras de vegetais.
Bateu a massa até formar uma pasta, peneirou-a e obteve uma fina camada
que foi deixada para secar ao sol. Depois de seca, a folha de papel
estava pronta. A técnica, no entanto, foi guardada a sete chaves, pois o
comércio de papel era bastante lucrativo. Somente 500 anos depois de o
papel ter sido inventado, os japoneses conheceram o papel graças aos
monges budistas coreanos que lá estiveram. Mas há uma outra curiosidade.
Em 751 d.C, os chineses tentaram conquistar uma cidade sob o domínio
árabe e foram derrotados. Nessa ocasião, alguns artesãos foram
capturados e a tecnologia da fabricação de papel deixou de ser um
monopólio chinês. Mais tarde segundo investigadores, a presença árabe e
africana do norte de África que invadiu a Europa, mais precisamente a
Espanha lá deixaram uma forte influência cultural e tecnológica. Foi
assim, que os espanhóis conheceram também a técnica de dobrar papéis que
ficou conhecida como papiroflexia.O processo básico de fabricação de
papel criado por T’sai Lun foi sendo sofisticado e que possibilitou uma
imensa diversidade de papéis quanto à texturas, cores, maleabilidade,
resistência e funcionalidade. A simples folha A4, os diferentes tipos de
envelopes, os postais ilustrados, as fotografias, os documentos
históricos, os livros que lemos e jornais e revistas que consumimos no
nosso quotidiano, afinal não deixaram de ter o papel como suporte e
inclusive, o próprio uso por razões ecológicas e não só, do papel
reciclado. Talvez por isso se fale hoje tanto em celulose e na sua
importância.
E nesse sentido a fibra vegetal que nos
referimos antes é à celulose, um dos principais constituintes das
plantas e um polímero formado de pequenas moléculas de carbohidratos, a
glicose. A celulose pode também ser usada para a fabricação de tecidos
quando extraída do algodão, cânhamo, chita ou do linho. Potencialmente,
qualquer planta produtora de celulose é fonte de matéria-prima para a
produção de papel.
Porém, para produzir 1 tonelada de papel
são necessários, em média, 24 árvores. Ou seja, a preservação do
ambiente também determinará a prazo a produção do papel.A quantidade e a
qualidade do papel vão determinar o tipo de madeira e de planta que
será utilizada. Actualmente, a produção de papel industrial usa duas
espécies de árvores cultivadas em larga escala: o pinheiro (Pinus sp.) e
o eucalipto (Eucalyptus sp), ambas originárias, respectivamente da
Europa e da Austrália. O papel feito a partir de madeiras de
reflorestamento ajuda a amenizar as práticas de desmatamento e ajuda a
preservar as florestas naturais. Outra prática que atenua as
problemáticas ambientais devido ao consumo de papel é a sua reciclagem,
processo que ainda não ocorre de forma plena em muitos lugares do mundo.
Coabitamos com os computadores, mas não deixaremos nunca de coabitar
com o papel, fonte da História para a História do Livro e da Imprensa em
todo o mundo. A simbologia do papel está ligada a vários aspectos da
vida, incluindo os documentais porque sem eles e pela perda das fontes
orais em alguma regiões e Culturas ao longo da História da Humanidade,
foi o papel o suporte para a continuidade do conhecimento ancestral e a
fonte para múltiplas aprendizagens. Sem ele, parte da História tinha-se
perdido. Porque recordando o Poeta angolano Ayres de Almeida Santos,
ainda dá gosto escrever uma carta em “papel perfumado”. As Novas
Tecnologias têm o seu mérito. Mas o Papel não deixa de ter o seu e foram
milhares e continuam a ser múltiplas as gerações que ao longo da
História da Humanidade tiveram e continuam a ter contacto com o Papel
como fonte de conhecimento e de saber. Porque também pelo Papel nos
entendemos e comunicamos.
via: OPais
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